Caravela Escarlate

Caravela Escarlate

SOURCE – Primeiramente parabéns pelo lançamento do segundo álbum autoentitulado Caravela Escarlate. Como foi a produção desse lançamento e quais os aspectos a serem destacados?

Ronaldo Rodrigues (Keyboards) – Obrigado, estamos muito felizes com esse acontecimento, especialmente porque no Brasil muitas bandas de música progressiva/alternativa ficam apenas no primeiro álbum. Nós conseguimos reunir um conjunto de condições muito favoráveis para produzir este segundo álbum – um período longo de maturação dos arranjos trabalhávamos com estas músicas desde 2011 mas só em 2017 conseguimos gravá-las), um bom estúdio e uma infraestrutura técnica de qualidade, entrosamento musical e pessoal entre os membros da banda e parcerias que foram decisivas para viabilizar o lançamento. Também podemos destacar o quanto o público tem percebido toda essa nossa dedicação e tem prestigiado nossa trajetória.

SOURCE – Em 2017 a banda lançou o álbum Rascunho. Qual o paralelo que você pode fazer entre ele e o segundo álbum, lançado pela gravadora norueguesa Karisma Records?

Ronaldo Rodrigues (Keyboards) – Na verdade, nosso primeiro álbum, Rascunho, foi gravado e lançado em 2016. O primeiro álbum foi uma forma de vencermos o desânimo que pairava sobre mim e o David Paiva no início de 2016, quando deixamos de trabalhar com o baterista que tocava conosco na ocasião e o trabalho de quase um ano inteiro entre ensaios e gravações havia se perdido. Era uma história que se repetia pela terceira vez desde 2011, por não termos encontrado até então a pessoa certa para ocupar a bateria na banda. David é um grande compositor e começamos a vasculhar em seu acervo músicas que pudessem ser tocadas e gravadas no formato duo, explorando uma vertente mais folk, acústica, com influências mais fortes da música brasileira, algo que apreciamos muito também.

Definimos o repertório, ensaiamos intensamente e gravamos o primeiro álbum com os recursos que tínhamos a mão. O disco foi prensado e produzido por nós mesmos e distribuído em pequena escala local. Foi realmente algo feito para sairmos do zero… estávamos trabalhando de 2011 e em 5 anos de banda não tínhamos conseguido gravar e lançar nossas músicas. Rascunho foi uma grande alavanca de motivação para nós. Durante a elaboração do primeiro álbum, Elcio Cáfaro se juntou ao nosso time e aí tivemos uma evolução muito rápida. O segundo álbum na verdade nos traz em nossa concepção original, buscando a sonoridade orgânica do rock progressivo setentista e a energia do formato trio. Contudo, Rascunho nos mostra como um grupo que tem uma base ampla de influências, mas todas em total sintonia com o objetivo de ser uma música refinada, que saía do óbvio, do simplismo.

SOURCE – Como vocês conseguiram o lançamento de Caravela Escarlate pela gravadora norueguesa Karisma Records?

Ronaldo Rodrigues (Keyboards) – Algumas semanas antes de concluirmos a masterização do segundo álbum, comecei a levantar contatos de selos estrangeiros que lidam com rock progressivo e gêneros relacionados. A Karisma Records estava neste rol. Tomei conhecimento deles a partir do lançamento do álbum From Silence to Somewhere, do Wobbler, uma banda que eu já gostava muito. Foram muitas portas fechadas antes de receber uma sinalização positiva da Karisma Records. Passamos alguns meses conversando sobre a possibilidade de uma cooperação, até que em meados de 2018 estabelecemos a parceria que está se concretizando agora em março de 2019, com o relançamento europeu em LP e CD.

SOURCE – Algumas críticas do álbum Caravela Escarlate tecem algumas relações entre a música de vocês e o rock progressivo italiano. Você poderia nos esclarecer algo mais sobre isso?

Ronaldo Rodrigues (Keyboards) – As influências do rock progressivo italiano são bem fortes no nosso som. David Paiva é um grande fã de bandas italianas assim como eu. Eu conheci o David através de um produtor local e amigo em comum, o Claudio Fonzi. Havia muito tempo que Claudio não encontrava David e um dia o reviu pelas ruas do centro do Rio de Janeiro. Ele sabia que eu estava procurando músicos para formar uma banda de rock progressivo e soube que David também tinha essa intenção de voltar a trabalhar com o estilo. Ele nos colocou em contato. Claudio havia me dito que David era um grande fã e tocava na íntegra ao violão o Zarathrusta, do Museo Rosenbach (!). Eu fiquei bastante impressionado com a descrição e pude perceber de cara a grande afinidade musical que teríamos. Tanto eu quanto David colecionamos discos e temos muita coisa de rock progressivo italiano em nossas estantes; elas nos influenciam bastante. Elcio aprecia muito o PFM também, apesar de não ter essa verve de colecionador de discos como nós. Particularmente, gosto muito de Osanna, Goblin, Cherry Five, New Trolls, Il Baletto di Bronzo, Le Orme, Alphataurus, Etna…

SOURCE – A capa do álbum Caravela Escarlate é realmente muito bonita. Como foi a concepção dessa produção gráfica do álbum?

Ronaldo Rodrigues (Keyboards) – Gostamos de HQs; quando adolescente eu colecionava gibis da Marvel e da DC Comics e David sempre teve fascínio por essas histórias, ficção científica e etc. Ele tinha o conceito do personagem “Caravela Escarlate” e aí acionei um velho parceiro musical e amigo, Fabio Gracia, também ligado a este universo de HQs e com talentos de desenhista, para elaborar a arte. Gostamos tanto do rascunho da arte que ele começou a desenvolver que usamos este rascunho como a capa do nosso primeiro álbum. Eis aí o porquê do primeiro álbum se chamar Rascunho.

SOURCE – Vocês são músicos experientes, realizando uma música sem muita perspectiva de mercado no Brasil. Quais são as outras atividades que vocês desenvolvem paralelamente ao Caravela Escarlate e qual o background musical de vocês?

Ronaldo Rodrigues (Keyboards) – A realidade é bastante dura, mas nós somos bastante persistentes. O tipo de música que praticamos tem um público restrito e seleto, pequeno até mesmo em nível mundial. David e Elcio vivem exclusivamente de música e tal qual a maioria dos envolvidos nesse ofício trabalha em diferentes frentes – tocam em várias bandas diferentes, lidam com estilos mais populares, ministram aulas e etc. Por outro lado, eu tenho a música como segunda profissão e tenho um trabalho regular em horário comercial. O David sempre teve a Caravela Escarlate como seu projeto principal; Elcio tem mais de 40 anos de experiência como baterista profissional e já tocou com dezenas de artistas famosos da música brasileira; eu já toquei em diversas bandas, tenho alguns trabalhos como músico de estúdio e também escrevo para alguns sites especializados de música. Todos nós somos em certo grau auto-didatas, já que nenhum de nós veio de conservatórios ou cursos superiores de música.

SOURCE – O álbum Caravela Escarlate foi lançando também no formato LP na Europa. Há outros formatos ou lançamentos agendados para o futuro?

Ronaldo Rodrigues (Keyboards) – Esgotamos todas as possibilidades atuais! Lançamos primeiramente em CD no Brasil e nos serviços de streaming. Agora em LP e CD pela Karisma Records com distribuição mundial. Já estamos começando a trabalhar em composições para o terceiro álbum, que deve estar surgindo no horizonte em 2020.

SOURCE – Obrigado pela entrevista. Espaço aberto para considerações finais.

Ronaldo Rodrigues (Keyboards) – Agradecemos o espaço conferido pela revista SOURCE para este bate-papo e desejamos sucesso a revista. Os interessados podem nos acompanhar pelas redes sociais da banda ou da Karisma Records.

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